Procura por água mineral aumentou em várias distribuidoras

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A confiança da população divinopolitana na Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) diminuiu tanto que muitas pessoas passaram a comprar água mineral. Alguns moradores relatam sintomas como náuseas e diarreia após consumirem a água fornecida pela empresa, mesmo depois de usarem meios de filtragem, como um filtro de barro.

A equipe do Jornal Gazeta do Oeste procurou sete distribuidoras de água mineral – galão de 20 litros – na região central de Divinópolis e todas as empresas afirmaram que, no último mês, houve um aumento considerável na procurar pelo produto, o que significa também uma demora maior no prazo das entregas.

Porém, entre as empresas pesquisadas, nenhuma informou aumentos praticados devido à maior procura, mas foram confirmados reajustes ocasionais e feitos por fornecedores, que foram apenas repassados ao consumidor final.

Os preços encontrados para o galão de 20 litros variam desde R$ 6,50 até R$ 12, divergindo pela empresa e ainda pela marca adquirida.

A funcionária de uma das distribuidoras contatadas por nossa equipe salientou os possíveis motivos pelo aumento da procura por água mineral. “O calor, a situação da Copasa, isso fez com que a procura aumentasse muito”, relatou a atendente por telefone.

DOENTES

A morada do bairro Planalto, Gilça Aparecida da Silva, descreveu que, nos últimos dois meses, começou a comprar água mineral e abandonou o filtro de barro que usava há anos. A mudança foi necessária, já que os dois filhos, de 6 e 10 anos, e o sobrinho, de 4 anos, começaram a se sentir mal. “As queixas por dor de barriga eram frequentes. Levei ao médico, fizeram exames e não deu nada, nem medicamento resolveu. Eu sempre lavei o filtro de barro toda semana e estava cada vez mais sujo, não adiantava trocar a vela ou limpar. Foi então que passei a usar a água mineral e os sintomas acabaram, não sei se por coincidência”, enfatizou.

O problema é que o gasto com a aquisição da água mineral não poderia existir, pois Gilça está desempregada e auxilia no sustento de casa com serviços extras que executa. “Tem dois meses que comecei a comprar água mineral. E são dois ou três galões de 20 litros por semana. É um gasto alto, que não poderia ter, mas foi a solução”.

Mas Gilça questiona que, mesmo diminuindo os gastos com a água fornecida pela Copasa – já que passou a comprar água mineral para o consumo da família –, as tarifas chegaram mais caras. “A conta está vindo mais cara nos últimos dois meses, e eu não sei por que, não estamos consumindo a mais. E agora ainda tenho o gasto com a água mineral”.

PARA O HOSPITAL

Já Mirilane Mendes de Oliveira, residente no São José, teve problemas mais sérios na família. O filho, a nora, a sobrinha de um ano, outros familiares, vizinhos e até o pedreiro que prestava serviço na casa tiveram os mesmos sintomas, náuseas, diarreias e mal estar. “Meu filho ficou internado no Hospital São Judas Tadeu e o médico disse a ele [filho], depois de ficar a parte da tarde toda no hospital, que recomendava o uso de água mineral ou bem fervida, porque a água da rede está contaminada. Porque tem gente demais nos postos de saúde, UPA e nos hospitais com os mesmos sintomas”, explicou.

Diante dos sintomas e do aviso feito pelo médico, Mirilane também começou a consumir água mineral, mais um gasto incluído no orçamento familiar. E lastimou ainda o alto valor da tarifa imposta pela Copasa, que inclui cobrança por esgoto dinâmico com coleta. “É um absurdo isso”.

E OS ATENDIMENTOS?

Outra questão destacada por Mirilane é o atendimento de todas essas pessoas, que estão doentes e procuram as unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), que já se encontram superlotadas. “Dinâmico tem que ser os atendimentos da saúde para quem não tem plano ou dinheiro e não procurou doença com as próprias mãos. A doença veio para dentro das suas casas. Se chegar à UPA e não tiver lugar, só fila e brigas, o que fazer?”, questionou a moradora com indignação.

COPASA

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) foi procurada por nossa equipe de reportagem para esclarecer sobre a qualidade da água fornecida em Divinópolis e sobre os relatos dos moradores que sentiram mal após o consumo. Assim como as afirmações de elevação nas tarifas de cobrança dos últimos dois meses, algumas chegando a aumento de 100%.

Contudo, a Copasa não respondeu nossos e-mails ou se posicionou sobre nenhuma das questões mencionadas.
Nayara Leite

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